Anatomia

História da Anatomia

A anatomia e a medicina são entidades distintas, porém não há como separar a história de ambas. Estão ligadas intimamente e por muito tempo sendo que, na antiguidade, foram tratadas como uma só história. Ana, em partes; tome, cortar. O termo anatomia, de origem grega, significa “cortar em partes”. Antigamente referia-se ao ato de explorar as estruturas do corpo humano por uso de instrumentos cortantes como anatomizar, hoje substituído pela palavra dissecar.
 
E foi a dissecção de cadáveres humanos que serviu como método de estudo para o entendimento da estrutura e função do corpo humano durante vários séculos. Devido ao incessante trabalho de centenas de anatomistas dedicados ao aprendizado e evolução do conhecimento acerca do corpo humano, e suas de funções, é que hoje nós, estudantes, podemos aprender e familiarizar com os termos anatômicos utilizados para designar cada estrutura dessa engenhosa “máquina” que é o ser humano. Grande parte dos termos que compõe a linguagem anatômica é de procedência grega ou latina. Latim era a língua do império romano, época em que o interesse nas descrições científicas foi cultivado. No passado, a anatomia humana era acadêmica, ciência puramente descritiva, interessada principalmente em identificar e dar nomes às estruturas do corpo. Embora a dissecção e descrição formem a base da anatomia, a importância desta, hoje, está em sua abordagem funcional e nas aplicações clínicas, de forma a entender o desempenho físico e a saúde do corpo.
 
A história da anatomia inicia-se na Mesopotâmia e Egito. Mesopotâmia era o nome dado a uma longa faixa de terra localizada entre os rios Tigre e Eufrates, atualmente parte do Iraque. Cerca de 4.000 anos atrás, povos dessa região, conhecida como o Berço da Civilização, faziam investigações voltadas para entender e descrever as forças básicas da vida. Por exemplo, as pessoas desejavam descobrir em qual órgão se alojava a alma humana. O fígado era considerado o “guardião da alma e dos sentimentos que nos fazem homens”, uma suposição lógica, visto o seu tamanho e pela íntima associação com o sangue, considerado essencial para a vida.
 
Algum tempo depois, estudamos Menes, sobre o qual paira uma antiga discussão: seria ele o lendário primeiro faraó (chamado de Narmer) ou médico do rei da primeira dinastia egípcia, cerca de 3.400 a.C.; foi fundador de Mênfis como capital egípcia. Escreveu o que é considerado o primeiro manual em anatomia.
 
Porém, foi na Grécia antiga que a anatomia, inicialmente, ganhou maior aceitação como ciência. As escritas de vários filósofos gregos tiveram um forte impacto no pensamento científico futuro. Homero, em Ilíada, descreveu com precisão a anatomia das feridas ocorridas em batalhas, a aproximadamente 800 a.C.
 
Hipócrates, o mais famoso médico grego e considerado o pai da medicina por seus princípios éticos pregados em seus ensinamentos, teve seu nome imortalizado no juramento Hipocrático que muitos estudantes, ao se formarem em medicina, repetem como compromisso de exercício profissional e dever perante a sociedade. Seguia a doutrina dos quatro humores, cada um associado a um órgão em particular: sangue com o fígado; cólera, ou bile amarela, com a vesícula biliar; fleuma com os pulmões; e melancolia, ou bile preta, com o baço. Imaginava-se que uma pessoa teria saúde com o equilíbrio desses quatro humores, princípio esse seguido por mais de 2.000 anos.
 
Aristóteles, discípulo de Platão, foi contratado pelo Rei Filipe da Macedônia para ensinar seu filho, Alexandre, conhecido como Alexandre, o Grande. Apesar de suas extraordinárias realizações, cultuava teorias errôneas como a sede da inteligência no coração e citava que a função do cérebro, banhado em líquido, era esfriar o sangue bombeado pelo coração para manutenção da temperatura corporal. Foi o fundador da Anatomia Comparada, 384 a 322 a.C.
 
Vieram os períodos Alexandrino e Romano, com os pensadores Herófilo, Erasistrato, Celsus e Galeno; este último cujas escritas perduraram cerca de 1.500 anos, foi um dos escritores médicos mais influentes de todos os tempos.
 
O Renascimento, período posterior à Idade Média, é marcado como o período do renascimento da ciência, visto que durante a Idade Média a forte pressão da Igreja Cristã estagnou as atividades médicas, cultuando a “fé” como centro das respostas. Introduzido nas grandes Universidades européias, reativou a busca pelo conhecimento e engrenou os estudos da anatomia humana, centralizando o interesse nos métodos e técnicas de dissecção em lugar de avançar no conhecimento do corpo humano.
 
Surgiram grandes personagens daquele tempo. Leonardo da Vinci e Andreas Vesalius, cada qual com estudos monumentais da forma humana. O primeiro produziu desenhos anatômicos de qualidade sem precedentes, baseado em dissecções de cadáveres humanos.
 
O segundo refutou os falsos conceitos do passado sobre estrutura e função do corpo, por observação direta e experiências; é chamado o pai da anatomia moderna.
 
Durante os séculos XVII e XVIII, a anatomia atingiu uma aceitação inigualável. Duas das contribuições mais importantes foram a explicação da circulação sanguínea e o desenvolvimento do microscópio. Harvey, em 1628, com a obra Sobre o Movimento do Coração e do Sangue nos Animais, provando a circulação contínua do sangue no interior dos vasos, e Leeuwenhoek, aperfeiçoando o microscópio, desenvolvendo técnicas para examinar tecidos e com a descrição de células sanguíneas, músculo esquelético e da lente do olho. Malpighi, lembrado como pai da histologia, foi o primeiro a confirmar a existência dos capilares.
 
A principal contribuição científica do século XIX foi a formulação da teoria celular. Princípio creditado a dois cientistas alemães, Matthias Schleiden e Theodor Schwann.
 
Atualmente, o conhecimento de anatomia se junta a um universo de outros conhecimentos que, não menos importantes, vão se somando e contribuindo de forma muito rápida para o desenvolvimento científico, para a melhoria da qualidade de vida e para a maior longevidade do ser humano.

 

 

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